

Empresas são atacadas todos os dias por ameaças cibernéticas cada vez mais sofisticadas e direcionadas, de modo que antecipar-se aos movimentos dos adversários deixou de ser um diferencial — passou a ser uma exigência de sobrevivência corporativa. Nesse contexto, entra em cena uma das disciplinas mais estratégicas da cibersegurança: o Cyber Threat Intelligence (CTI).
Mas afinal, o que é CTI? Como isso se aplica ao dia a dia da sua organização? E por que esse tema é tão urgente hoje? Neste artigo, procuro responder essas perguntas e mostrar como transformar ruído em dado, dado em informação, informação em inteligência e como essa inteligência pode ressoar em proteção — antes que o ataque aconteça.
Cyber Threat Intelligence é o processo estruturado de coleta, análise e disseminação de informações sobre ameaças digitais, com o objetivo de apoiar decisões táticas, operacionais e estratégicas na defesa cibernética.
Diferente do que muitos imaginam, CTI não se limita a feeds de indicadores de comprometimento (IoCs) como IPs ou domínios maliciosos. Trata-se de entender o comportamento, as motivações e as capacidades dos adversários, criando uma base sólida para decisões de segurança mais inteligentes e proativas.
Nesse sentido, o conceito de “capacidade” é muito importante. Pois ele se traduz nas habilidades do adversário somadas ao seu “poder de fogo”, algo que pode mudar com o tempo. Assim, faz parte da competência de CTI mapear e acompanhar a evolução das capacidades dos grupos de modo a emitir alertas sobre mudanças em seu comportamento e identificar tendências sobre sua atuação.
Segundo o MITRE Corporation, uma organização sem fins lucrativos que opera centros de pesquisa e desenvolvimento financiados pelo governo dos EUA, a inteligência de ameaças permite compreender as TTPs (táticas, técnicas e procedimentos) utilizados por atores maliciosos, o que viabiliza a construção de defesas mais eficazes e alinhadas com os riscos reais enfrentados pela organização.
As táticas são os objetivos estratégicos de um atacante em cada fase do ataque. Por exemplo, invadir uma rede, algo que documentamos como “acesso inicial” ou fazer com que o acesso do atacante permaneça ativo mesmo mesmo que a vítima desligue e ligue o dispositivo afetado, o que chamamos de “obter persistência”. As técnicas são os meios usados para atingir os objetivos de uma tática. Por exemplo: para obter persistência, o invasor pode usar o recurso agendamento de tarefas do Windows para, a cada uma hora, reativar o malware. Já os procedimentos são os detalhes específicos de como a técnica é executada por um grupo. Incluem ferramentas, comandos, scripts ou recursos de infraestrutura.
A disciplina de CTI pode ser estruturada em quatro níveis, cada um com um público-alvo e finalidade distintos:
As razões são muitas — e urgentes:
Grupos como Lazarus, FIN7 e APT28 estão usando técnicas cada vez mais dirigidas, como abordagens de engenharia social sofisticadas e famílias de malwares injetadas em empresas ou produtos de tecnologia presentes na cadeia de suprimentos de várias empresas. A inteligência é essencial para identificar esses padrões antes que eles afetem o seu ambiente.
Com o modelo Cybercrime-as-a-Service (CaaS), é possível comprar credenciais, ferramentas de ataque e até suporte técnico para ransomware na dark web. Sem CTI, sua empresa pode nem perceber que já é alvo antes do ataque começar.
Enquanto sua equipe de segurança lida com múltiplas tarefas, os atacantes estão focados, muitas vezes, com divisão de funções, infraestrutura global e financiamento de grupos estatais.
Sem inteligência, empresas gastam com ferramentas e projetos desalinhados com os riscos reais. O CTI permite priorizar defesas com base em ameaças relevantes ao seu setor, sua geografia e seu perfil digital.
Envolve dados de fontes públicas (OSINT), canais fechados (dark web, Telegram, etc.), parceiros e sensores internos.
Utiliza metodologias reconhecidas internacionalmente como Diamond Model, Cyber Kill Chain e MITRE ATT&CK para transformar dados em conhecimento aplicável.
Gera relatórios, alertas, dashboards e feeds de dados que atendem públicos diferentes (desde o SOC até o board executivo).
A análise é constantemente ajustada com base em novos incidentes e indicadores coletados, formando um ciclo contínuo de aprendizado e adaptação.
Imagine o seguinte cenário: um funcionário recebe um e-mail aparentemente legítimo, com o nome e cargo corretos do seu gerente, solicitando que ele atualize uma planilha. Ao clicar, ele executa um malware que se comunica com um servidor remoto. Dias depois, os sistemas da empresa são criptografados com um ransomware.
Se o time de CTI estivesse monitorando fóruns frequentados por IABs , ele poderia ter identificado previamente que credenciais da empresa estavam à venda. Se estivesse analisando campanhas ativas, poderia ter correlacionado a infraestrutura usada no ataque com ameaças conhecidas. Se a comunicação com o time de resposta estivesse madura, a mitigação poderia ter acontecido antes da execução do ransomware.
Cyber Threat Intelligence não é sobre prever o futuro com uma bola de cristal, mas sim sobre enxergar o presente com lentes melhores e constantemente polidas.
Em um ecossistema onde cada clique pode abrir uma brecha, a inteligência é o que permite conduzir seu negócio com mais segurança. Ela capacita sua empresa a identificar riscos antes que se tornem crises, alinha decisões de segurança com a realidade externa e antecipa o movimento do adversário.
Sua empresa já conta com um programa estruturado de CTI? Se não, o melhor momento para começar é agora.
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